Quero, Talvez

Queria que não passasses de um texto
De um desejo escondido
De uma paixoneta sem contexto
Que eu me tivesse confundido

Queria não te querer mais e mais
Que essa química não existisse
Tão primitiva como em dois animais
Que meu desejo desistisse

Porém, isso não aconteceu
Mostrei-te a escuridão em mim
Fui meu verdadeiro eu
E não te foste embora mesmo assim

Quero, talvez, não sei
Deixei que acontecesse naturalmente
Mudaram se os personagens e improvisei
Do nada está tudo diferente

Assistimos a vela a arder devagar
Pensávamos que connosco nada fosse acontecer
Agora estamos os dois a queimar
Nesse fumo de nós só um ao outro conseguimos ver

Que Coração?

Dizes que gostas de mim,
Dizes que sou perfeita e tudo isso;
Que não consegues imaginar o fim,
Que é como se fosse um feitiço

Mas no fundo os dois sabemos a verdade
Nua e crua, dolorosa e pura
Devemo-nos no mínimo honestidade
Eu não posso ser tua cura

Não posso te mostrar o que te recusas a ver
Não posso me transformar em quem queres
Outra pessoa não te vou obrigar a ser
Não tenho esses super poderes

Tens muitas feridas que precisam sarar
Tens um coração que esqueceu como amar
Que coração? Provavelmente te perguntas
Uma pessoa sairá magoada, e serei eu pelo resultado das contas

Faíscas, chama, um incêndio inteiro
Essa incessante química entre nós
Envolve nos em gasolina e acende um isqueiro
Pertences me completamente mas só quando estamos a sós

Não Vou Perder

Não há espaço no vazio em mim
O eco do silêncio sinaliza a certeza do fim
O abismo me olha de volta e sorri
Uma piada que só eu não entendi

Do nada de novo escrevo sobre ti
O meu cérebro grita e meu coração só ri
Espera, eu disse coração?
Minha cabeça a repetir “não não não”
Foi tudo em vão?
Todas as horas com estes muros em construção?
Ninguém viu este ponto fraco na fundação?

Merda, mudaste minha poesia
Criaste tempestade na minha calmaria
Desorganizaste minhas estrofes, minha rima perfeita
Minha criatividade já não me respeita

Acabou, desta vez de verdade
Não haverá mais a desculpa da saudade
Não entrarei nesta batalha que só eu posso perder
Não apostarei nesta guerra que é impossível vencer

Perdida

Perdida nas possibilidades
Na berma entre mentira e verdades
A acreditar que o sol nascerá
A chuva para sempre não durará

Digo a mim mesma o que não te digo
Abro mão mas deixar ir não consigo
Minha pior inimiga mora em minha cabeça
Ela repete teu nome para que eu não esqueça

Dizem que quem se apega é o coração
Mas é meu cérebro que te repete como um refrão
E essa música já me está a cansar
A volta de cadeiras sem saber quando vai parar

A culpa não é tua, não é minha, aconteceu
Se não existia nada, o que cresceu?
Perdida entre o “não sei” e o “talvez”
Entre a loucura e a sensatez
Entre o “por agora” e o “de vez”
Entre o que tenho e o que pensei querer Entre o que pensei saber e o que consigo ver
Entre o “adeus” e o “quando nos podemos ver?”

​ Baile de Máscaras

Chego e sinto todas as caras escondidas atrás de máscaras a virarem-se para mim, talvez por estar atrasada ou por causa de estar com um vestido vermelho em corte de sereia que abraça minhas curvas e acentua o que nem eu sabia que tinha.
Sinto-me desconfortável mas produzo forças não sei de onde e ando em direcção ao bar, logicamente, para beber um pouco de confiança líquida.
Quando me sento no banco pego no meu celular e vejo o contacto dele e as últimas mensagens que trocamos. Ele mandou-me o convite para esta festa de máscaras e só quando vi o vestido que ele mandou é que percebi que era um baile de máscaras e não uma festa de Halloween. Nem sabia que festas assim ainda se faziam, era interessante, o mistério, a classe, a sedução.
Agora aqui sentada noto a diferença entre “ser paquerada” e “ser cortejada”, até as rejeições aqui têm classe.
“A festa começou cedo.” Reconheço a voz que vinha de um homem alto, forte, de terno e camisa preta com uma gravata vermelha e uma máscara preta que deixava somente seus olhos castanhos e lábios grossos que estavam a formar um sorriso a mostra.
“Tinha que compensar o meu atraso, toda gente está alguns copos a frente.” Digo eu a retribuir o sorriso e afastar a mecha de cabelo cacheado que estava na minha cara desde sempre mas só agora me incomodou.
Ele aproxima-se de mim e senta-se à minha frente, consigo sentir-me a tremer a sentir o seu aroma. Começo a pensar em todas as maneiras que aquilo podia correr mal, afinal, nós só nos conhecemos a alguns meses e nunca nos tínhamos visto pessoalmente, eu devia ter desconfiado que a primeira vez que ele me quisesse ver fosse num sítio em que não conheço ninguém e onde estejam todos mascarados.
A conversa (e os copos) fluem naturalmente, era como se nos conhecêssemos a muito tempo e ele é exactamente como eu esperava que fosse.
“Queres dançar?” Ele levanta-se e oferece-me a sua mão.
“Eu não sei dançar valsa.” Eu respondo a ficar vermelha de vergonha (ou do álcool?).
“Não precisas saber, precisas confiar em mim e seguir o que eu faço.” Ele diz a piscar um olho.
Seguro sua mão e sigo-o para a pista onde sinto toda gente a olhar para nós e neste momento agradeço pelas poucas aulas de salão de que consigo lembrar.
Ele puxa-me mais para perto e sinto seu perfume forte mas não exagerado e sua barba a roçar me a face. Seus braços firmes a suportar me e nunca me senti tão segura, no meu mundo coberto completamente pelo seu.
“Eu estou pronta.” Eu digo em seu ouvido.
“Tens a certeza?” Ele pergunta a apertar-me contra ele.
Aceno e sorrio enquanto ele guia-me para a saída com o braço atrás de mim e a mão a encostar ligeiramente em minhas costas. Caminhamos juntos para o estacionamento e ele pára em frente a um Mercedes G500 preto com os vidros fumados, abre as portas, liga o motor e o ar condicionado mas não as luzes.
“Tu decides para onde vamos, vai ser a tua última decisão autónoma.” Diz ele a sorrir e pousar a mão na minha coxa.
“Vamos para a minha casa.” Respondo a discar o meu endereço no GPS do carro.
Ele arranca e alguns metros depois do estacionamento eu ponho a minha mão na sua coxa e depois no ziper de suas calças. Sinto-lhe a endurecer e continuo a acariciar com mais e mais pressão.
“Já começaste bem, meu amor. Podes continuar.” Ele diz a soltar um sorriso de lado.
“Claro, meu rei.” Eu respondo a abrir seu cinto, botão e zíper, baixar seus boxers e revelar seu pau a pulsar.
Lambo a minha mão e começo a afagar seu membro com ela, tal como ele disse que gostava nas mensagens. Abro o cinto de segurança e inclino-me na sua direcção, antes de chegar perto do seu pau peço permissão e depois de ele autorizar, beijo sua ponta. Lambo a volta e depois, bem devagar e a chupá-lo, ponho todo seu pau na boca, até o sentir a palpitar entre meus lábios e eventualmente tocar minha garganta. Ele pegou meu cabelo e usou-o para me movimentar, puxava-me para cima e depois para baixo fundo com força até sentir que eu já não aguentava mais, e eu cada vez mais molhada. Senti-o a parar o carro e encostar em uma rua abandonada e escura, levantar-me, tirar o cinto, virar-se para mim e dizer “Mudança de planos, vai para o banco de trás.” Fiquei atordoada por alguns segundos e depois obedeci, no fundo estava aliviada porque também não sentia que fosse aguentar até casa.
Ele veio logo a seguir, tirou a camisa, a gravata, as calças e os boxers e sentou-se.
“Vem.” Diz a fazer-me sinal para que me aproximasse porque eu parecia perdida em pensamentos (e estava) que envolviam seu corpo perfeito em cima de mim.
Eu chego perto dele e com um movimento brusco ele agarra no meu vestido e rasga-o, depois de alguns rasgões eu estou nua. Não tinha usado roupa interior como ele disse e sinto me exposta, com o cabelo despenteado e saliva no queixo de mais cedo. Naquele momento ele tirou a sua máscara e depois a minha e disse: “És perfeita.” Consigo ver que está genuinamente a dizer a verdade, com o mesmo brilho nos olhos que eu fico quando vejo comida e, pela primeira vez, toca-me na cara, aproxima-se de mim e beija-me.
“E és toda minha.” Ele diz a interromper o beijo para sorrir ligeiramente na minha direcção, deitar-se e puxar minhas pernas para cima de sua cara.
Sento me em sua boca e sinto seus lábios a beijarem-me, e depois sua língua a entrar em mim, começo a mexer me para acompanhar e ele para.
“Não te dei permissão para te mexeres.”
Encosto-me contra o vidro e ele continua até que eu me sinto a tremer e aí ele põe um dedo dentro de mim e segura minha coxa para que eu não me mexa com a outra mão. Não aguento mais, sinto-me a explodir enquanto ele apressa o movimento e quando me estou quase a vir ele pára.
“Ainda não, princesa.” Diz ele a carregar-me, deitar-me, abrir minhas pernas e meter seu dedo de volta enquanto com os dedos da outra mão massajeia meu clitoris. “Queres dizer o quanto gostas disto?”
Quando eu ia responder ele mete outro dedo e minhas palavras transformam-se em um gemido rouco que veio das profundezas da minha tesão.
“Eu gosto disto, meu rei.”
“Diz-me o que queres que eu te faça.”
“Quero que me comas.” Digo a contorcer-me e sinto ele a meter seus dedos com mais força e quando me venho, ele mete seu pau e eu sinto-o a atingir todos os pontos perfeitamente enquanto ele morde-me o pescoço e puxa-me o cabelo. Eu agarro suas nádegas como que para ajudá-lo a entrar mais fundo (como se fosse possível) e ele entra com cada vez mais força até que eu molho todo seu pau e seu assento, ele solta um riso abafado e sinto seu orgasmo quente em mim. Ele sai de cima de mim, diz para que eu vista sua camisa e veste seus boxers.
Quando voltamos para a estrada ele diz: “Acho que não podemos aparecer assim na tua rua, vamos para a minha casa. E sinto que lá nos vamos divertir mais.”
Aceno com a cabeça e os pensamentos que me apareceram deixaram-me húmida de novo, ele põe a mão na minha coxa e pelo caminho que ela está a levar penso que o orgasmo que acabei de ter não será o último antes de chegarmos ao nosso destino.

Sobre ti

​Um conjunto de letras nunca conseguirão descrever meu sentimento,
Um conjunto de palavras arrumadas para formar um poema;
Toda poesia do mundo não chega para falar de ti, meu mais complexo tema;
Enlouqueces-me e és minha sanidade, meu mais lindo dilema.

Perfeita nas tuas imperfeições que eu não vejo,
Teu nome soletra meu desejo;
É contigo que sonho quando não quero acordar,
É a ti que quero para sempre amar.

És meu lugar preferido, meu paraíso,
Pouco a pouco assim perco o juízo;
E nem me importo porque quanto mais me perco do mundo,
Mais te encontro no nesse mar de amor sem fundo.

Tua voz é meu som predilecto, essa melodia,
Podia ver-te a sorrir noite e dia;
Teu aroma me deixou viciado,
Deixas-me passar a vida inteira ao teu lado?

Fogo

​És fogo e sempre tive medo de me queimar,
Desde pequena aprendi que com fogo não se deve brincar;
Mas algo sobre tua chama me fascinou,
Cantos que não conhecia de mim iluminou.

És fogo e mesmo assim me aproximei,
Às vozes interiores e exteriores ignorei;
A seguir à simples vontade de em ti me aquecer,
A ceder pouco a pouco ao que me ia enlouquecer.

És fogo e eu gelo glaciar,
Encontrei-me no teu toque enquanto me perdia em teu olhar;
Somos opostos e por isso nos completamos,
Como uma droga, mente e cérebro afectamos.

Eu sabia que isto aconteceria,
Que por ti cairia;
Afinal, eu sou gelo glaciar,
És fogo, e nunca soube tão bem te amar.

Controverso

Viraste-te e perguntaste “Estás acordada?”
Estava meia a dormir e não pensei em nada;
Devias ter assumido que eu estava a dormir,
Puxaste-me mais para perto e teu coração consegui sentir.

Tão certo e tão errado aquele momento,
Tão simples e tão complicado aquele sentimento;
Dois opostos unidos por um amor,
Preto e branco a porem o mundo com mais cor.

Sol e lua do mesmo dia,
És tudo que precisava e nem sabia;
Luz e escuridão do mesmo universo,
Parte um do outro, não exactamente o inverso.

Em uníssono batem nossos corações,
Estamos presentes em ambas nossas orações;
Nada mais pediria para mim,
Que escolhesses-me para ser flor preferida de teu jardim.

Foi assim que descobri que sou tua,
Como a noite pertence a lua;
Com tua cabeça em meu peito,
O muro a minha volta totalmente desfeito;
Agora, nada mais perfeito.


Maybe one day we’ll meet again, in another lifetime, in another place. Wiser, older, richer in spirit. Maybe then our love will flourish and we’ll finally find forever. In a story that’s healthier, more beautiful and eternal.
– T.

Foda-se

​De todas as formas que existem para o demonstrar, escolhi escrever. Escrever sobre como depois de a provar amei seu sabor e nem sei como aconteceu, mas me viciei.
Amei o sabor de sua companhia, de poder falar sem parar e ela não se importar e até gostar.
Amei o sabor de seus lábios e saber que não precisava sentir mais nenhum sabor porque tinha encontrado o meu preferido.
Amei o sabor de sua mente, seu sentido de humor, paciência, inteligência e compreensão.
Amei seu toque, cada parte de si que parece encaixar perfeitamente em mim de todas maneiras.
E deve ser por isso que a amo, porque me apaixonei por cada detalhe de si, e pouco a pouco embarquei nesta viagem de só ida para o universo que ela é.

  • T.